domingo, 28 de agosto de 2011

Mackenzie, o primeiro time brasileiro

Time da Associação Athlética Mackenzie College em 1904

Mackenzie, Internacional, Associação Athlética das Palmeiras
e São Paulo Athletic, no Velódromo em 1905

A gloriosa aventura verde-amarela nos gramados teve inicio em 1894, quando o professor Augusto Shaw desembarcou em São Paulo, proveniente dos Estados Unidos, trazendo dois presentes para seus alunos do Colégio Mackenzie: uma bola de rúgbí e outra de basquete. O americano achou que iria abafar, mas decepcionou-se, pois a rapaziada, com o passar do tempo, começou a cabular aulas para assistir as disputas, no bairro do Bom Retiro, de uma nova modalidade esportiva, um tal de football. O palco era a Chácara Dully, do fechadíssimo São Paulo Athletic, para onde Charles Miller, o responsável pela introdução do chamado nobre esporte bretão no país, transferira suas pioneiras e precárias 'peladas', restritas aos britânicos e seus descendentes.


Associação Athlética Mackenzie College

Pode se dizer sem exagero, que os garotos do Mackenzie foram os precursores dos atuais geraldinos e arquibaldos dos estádios brasileiros. Isso porém era pouco para eles, eles queriam mesmo era jogar futebol. Mas como? Afinal, os ingleses do São Paulo Athletic não eram muito abertos a troca de experiências. E onde conseguir uma bola pra jogar? Com certeza não seria com os súditos de Sua Majestade.Certo dia, um aluno teve uma grande idéia, logo aprovada por todos: usar a bola de basquete do professor Shaw.
"Com os pés não, meninos! Com as mãos!", gritava o mestre. Os apelos foram inúteis. Tanto que quatro anos depois de Shaw ter presenteado seus alunos, mais precisamente em 18 de agosto de 1898, nasceu a Associação Athlética Mackenzie College, a primeira equipe de futebol criada por brasileiros e para brasileiros.Uma das raras exceções ficava no gol, defendido por ninguém menos que Augusto Shaw, que acabou entregando os pontos.

Hans Nobiling nasceu na Alemanha
em 10 de setembro de 1877.Chegou
ao Brasil em 1897. Foi um dos primei-
ros participantes em torneios de
futebol no País e precursor da Liga
Paulista de Futebol. Morreu em
Jacarepaguá, RJ a 30 de julho de 1954.

Alguns meses depois de sua criação, o Mackenzie encarou o seu primeiro desafio futebolístico enfrentando um escrete montado pelo brasileiro de origem alemã Hans Nobiling. O jogo não foi exatamente um sucesso de público, pois havia pouco mais de vinte testemunhas na platéia, e também não despertou grandes emoções, terminando no 0 X 0. O que mais chamou a atenção foi a elegância dos mackenzistas, com camisas e meias vermelhas e gravatas (isso mesmo!) e calções brancos. E ai de quem não estivesse impecável. "Guerra, assim não, com a gravata torta não! Não consinto que jogues assim!" reclamou Shaw antes de ele próprio dar um jeito no figurino do colega.

Do alto de sua soberba imperial, os ingleses do São Paulo Athletic não davam bola para a fina estampa que os brasileiros desfilavam pelos gramados da Paulicéia. Eram taxativos em não aceitar um amistoso com o Mackenzie pois não queriam se misturar com os nativos. As peladas internas, no entanto, acabaram se tornando demasiadamente monótonas para os discipulos de Charles Miller que aceitaram o desafio em março de 1899. Pior para o alvi-rubro de Higienópolis, que foi vencido de 3 X 0.
As duas equipes não tardariam a ganhar concorrentes. Na virada do século, Hans Nobiling reuniu-se a alguns imigrantes que não se encaixavam nos perfis do Mackenzie e do São Paulo Athletic para criar um novo time. Na assembléia de fundação, contudo, discordou do nome vencedor: Internacional, e saiu de campo. Com outros alemães descontentes fundou o Germânia. Resumindo, no inicio deste século, os paulistanos já contavam com quatro times de futebol, um aavanço e tanto para o esporte, que ganharia pouco depois , em 1902, o reforço com a criação do Clube Atlético Paulistano.

João Batista Belfort Duarte nasceu
em São Luis do Maranhão, a 27 de
novembro de 1883.Foi um dos fun-
dadores do Mackenzie, morreu as-
sassinado em Resende, RJ, a 27 de
novembro de 1918

Não tardou a idéia de juntar as cinco equipes para disputar um torneio. Em 1901, por iniciativa de Antonio Casimiro da Costa, surgiu a Liga Paulista de Football, que realizou no ano seguinte o primeiro campeonato estadual da modalidade. O jogo inaugural do torneio, em 3 de maio, reuniu Mackenzie e Germânia, e terminou com vitória do alvi-rubro por 2 X 1. O Mack, como era chamado pelos seus torcedores, teve também a honra de assinalar o primeiro tento, por intermédio de Mario Eppingaux, que acabou em terceiro lugar na classificação final. O grande campeão foi o São Paulo Athletic, de Charles Miller, que se sagrou artilheiro da competição, com 10 gols.

A campanha no primeiro Paulistão resume o que foi a trajetória mackenzista no futebol: apenas um bom coadjuvante. O clube nunca conquistou um titulo importante, mas contou com grandes jogadores em suas fileiras, como Shalders, Fábio Loureiro, Alício de Carvalho, o beque Belfort Duarte (fundador do América do Rio de Janeiro), os irmãos Ruffim, Antonio Zecchi. O maior de todos, entretanto, foi um mulato que se tornou o principal artilheiro do país na primeira metade do século: Arthur Friedenreich.


Artur Friedenreich nasceu em São Paulo, a
18 de julho de 1892. Foi o primeiro grande
jogador de futebol do Brasil, jogando de
1909 até 1935. Morreu em São Paulo a 6 de
setembro de 1969, aos 77 anos.
Conhecio como El Tigre, o atacante foi responsável pela glória suprema da Associação Athlética Mackenzie College ao conquistar a artilharia do campeonato Paulista de 1912, com 12 gols. No ano seguinte, quatro atletas de alvi-rubro - José Pedro, Luiz Alves, Renato e Whately - repetiram a dose, mas sem o mesmo brilho. dividindo a condição de goleadores do Paulistão com outros dois atletas. Cada um marcou três gols.
E foi só. de bom coadjuvante, o Mack passou a ser saco de pancadas, chegando a se tornar o lanterna do Paulistão em 1917.Quando a coisa estava feia em 1920 apareceu a Portuguesa de Desportos. Os dirigentes da Lusa queriam disputar o Campeonato Paulista mas as inscrições já haviam terminado. Propuseram então uma aliança com o Mackenzie, que tinha "direitos adquiridos" no torneio. A fusão foi aceita e surgiu o Portuguesa-Mackenzie, formada em sua maioria por lusitanos e seus descendentes.


Artur Friedenreich
Em 1922, com a identidade perdida, os elegantes e pioneiros mackenzistas se retiraram dos gramados. Das peladas com bola de basquete aos gols mágicos de Friedenreich foram apenas 24 anos. Pouco tempo, é verdade, mas o suficiente para ajudar a transformar o futebol na maior atração das tardes de domingo. E pensar que o professor Shaw queria o basquete!


O pioneiro

O nome podia ser tipicamente britânico, mas o "pai" do futebol brasileiro era um paulistano da gema. Filho de ingleses abastados, Charles William Miller nasceu no Brás, Zona central da Capital, em 24 de novembro de 1874. Com 10 anos foi estudar na Bennister Court School, na Inglaterra, onde tomou contato com o esporte. Dez anos depois, em 18 de fevereiro de 1894 ele se tornou o introdutor da modalidade no País ao desembarcar no Porto de Santos, trazendo na bagagem duas bolas de couro.

Charles Miller no Southampton

Em 1895, Charles Miller organizou o primeiro jogo oficial em São Paulo, A disputa foi travada por atletas brasileiros e ingleses em 14 de abril daquele ano, em um terreno de propriedade de sua familia na Várzea do Carmo, nas proximidades da Rua do Gasômetro e Santa Rosa. De um lado, funcionários da Companhia de Gás e do The London and Brazilian Bank; do outro empregados da São Paulo Railway Company. O time da estrada de ferro levou a melhor vencendo de 4 X 2, diante de 18 testemunhas históricas.

Miller não foi apnas um pioneiro. Centroavante de bom nível, ele chegou a integrar na Inglaterra, a equipe do Southampton. No Brasil, defendendo as cores do São Paulo Athletic, foi duas vezes artilheiro do Campeonato Paulista: em 1902, com 10 gols; e em 1904, com 9 tentos. Depois que encerrou a carreira em 1910 continuou ligado ao futebol na condição de árbitro por mais quatro anos. Morreu em 1 de junho de 1953.

Luca Fernandes, Revista Já, 12/7/1998

Preconceito e arrependimento levaram o senador Peixoto Gomide a derramar o próprio sangue na Capital, no inicio do século XX

Noite de Natal

Oh, noite bela! O céu sereno
Tem o azulado manto pleno
de estrelas, Noite Triunfal!
Recorta o azul, a meiga lua
Gôndola branca que flutua
No etéreo oceano sideral!

Trecho do poema de Manuel Baptista Cepellos
pivô do chamado "Crime do Senador"

Rua Benjamin Constant, onde ficava a Mansão Peixoto Gomide
O casarão em estilo neoclássico no número 25 da rua Benjamin Constant era um dos endereços mais sofisticados da Capital. Festas dignas da nobreza européia - com muito champanhe francês, caviar e valsas vienenses - encantavam a vizinhança , que se reunia na calçada para acompanhar a chegada dos convivas. Em 20 de janeiro de 1906, uma pequena multidão voltou a se formar na frente da casa, mas por uma razão nada festiva.
Na tarde daquele dia, o dono do casarão, o senador Francisco de Assis Peixoto Gomide, então com 56 anos, assassinou a filha Sophia, de 22, e se suicidou. A notícia se espalhou como rastilho de pólvora e rapidamente chegaram a residência, politicos secretários de Estado, Juizes, promotores públicos, empresários e parentes de Peixoto Gomide, que na época era Presidente do Senado Paulista. A atitude do velho político causou perplexidade, pois Peixoto Gomide era considerado um homem equilibrado.
Segundo depoimentos de empregados, pai e filha conversavam na sala de jantar, tendo sido interrompidos duas vezes por uma cozinheira - na primeira para levar um chá com torradas e na outra para apanhar a louça. Sentada à mesa, a moça bordava um lençol, enquanto o senador andava de um lado para o outro. Ele parou e encostou um revólver Smith & Wesson na testa de Sophia.
- O que é isso, meu pai? espantou-se a garota.
-Não é nada. - respondeu o senador, apertando o gatilho em seguida.
O impacto fez com que a moça fosse jogada pra trás, rolando pelo chão. Sua morte foi instantânea. Com o barulho, apareceram na sala a mulher de Peixoto Gomide, Ambrosina, dois de seus filhos, Gnesa e Alceu, e uma criada. Mudo, o senador mantinha o braço estendido, como se estivesse escolhendo uma nova vítima. Chegou a apontar a arma para Gnesa, mas a empregada, aos gritos, o convenceu a baixar o revólver. Em seguida, caminhou tranquilamente até a sala de visitas e encostou o Smith&Wesson no ouvido esquerdo e puxou o gatilho. A arma falhou. Então ele rodou o tambor e disparou de novo, caindo junto ao piano, mortalmente ferido.
O pivô da tragédia, ao que tudo indica, foi o promotor público e poeta Manuel Baptista Cepellos. Ele se apaixonou por Sophia e pediu a um político do Interior que intercedesse junto a Peixoto Gomide para namorar a garota. O senador não apenas permitiu, como em 1905, reuniu os amigos para comunicar o casamento de Sophia com o promotor. A cerimônia seria em 27 de janeiro de 1906, mas os comentários maldosos o fizeram mudar de idéia.
"E não é que o Gomide vai casar a filha com um ex-soldado, um boêmio...um poeta" Essa era a frase mais ouvida na cidade, segundo René Thiollier, autor do livro 'Episódios da minha Vida'. A fama do futuro genro infernizava o senador, que passou a ser alvo de chacotas. Colegas do Senado e pessoas que o encontravam na rua maldiziam o ofício de fazer poesia. 
Peixoto Gomide era do tempo em que a palavra empenhada valia mais do que o documento assinado. Por isso preferiu matar Sophia e se suicidar a ter de recuar em sua decisão.

Foto do final do Século XIX, onde aparecem o Dr. Antônio Caetano de Campos (1844-1891), diretor da escola Normal e reformador do ensino público; Antônio Mercado (Antônio Maria Honorato Mercado, 1853-1937), Secretário do Governo; Engenheiro Paula Souza (Antônio Francisco de Paula Souza,  1843-1917) diretor da Escola Politécnica e da Superintendência de Obras Públicas; Prudente José de Moraes Barros (1841-1902), Governador da Província de São Paulo e depois Presidente da República; Bernardino de Campos (Bernardino José de Campos Júnior, 1841-1915), chefe da Polícia; Peixoto Gomide, na época Presidente do Conselho da caixa Econômica do Estado, e Coronel Lisboa, (João Nepomuceno Pereira Lisboa, 1852-1917) Comandante da Força Pública (acervo do Dr. Modesto Carvalhosa).

Nobre até hoje

Casado com Ambrosina Pinto Nunes Gomide, Francisco de Assis Peixoto Gomide teve ainda os filhos Bruno, Mário, Alceu e Gnesa. Ele deixou grande herança, mas o casarão em estilo neoclássico da rua Benjamin Constant cedeu lugar a um prédio comercial de cinco andares.
Paulistano, nascido em 24 de março de 1849, Peixoto Gomide formou-se pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco em 1873. Como jornalista, em Amparo, fundou junto com Bernardino de Campos, o jornal republicano A Época, Foi ainda colaborador do jornal Diário Popular e Vereador na Câmara Municipal de Amparo.
De volta a Capital, foi nomeado Inspetor do Tesouro Estadual, e depois presidente do Conselho da Caixa Econômica do Estado. Eleito senador Estadual em 1894, foi Presidente da Província de São Paulo por três vezes. Estava ocupando o sétimo mandato na presidência do Senado Paulista quando morreu.
O senador também virou nome de rua na região mais nobre da cidade, os Jardins. A rua Peixoto Gomide se estende da Rua Augusta à Estados Unidos e abriga alguns dos mais sofisticados prédios da Capital. mas poucos que passam por ali conhecem a tragédia que se abateu sobre a familia Peixoto Gomide.

A Tragédia do poeta


Natural de Cotia, na Grande São Paulo,.onde nasceu em 10 de dezembro de 1872. Manuel Baptista Cepellos teve uma infância humilde. Filho do professor primário João Baptista Cepellos, ele trabalhou em serviços rudes, foi um autodidata e sempre acalentou o sonho de ser um poeta famoso.
Ao mesmo tempo em que cumpria as suas obrigações como soldado do Corpo Municipal Permanente - transformado em Força Pública - exercitava a arte de escrever poesias. Dedicado, galgou rapidamente o posto de capitão.
Mas não era suficiente para ele, um homem ambicioso. Matriculou-se no Anexo da Faculdade de Direito do Largo São Francisco em 1895, onde estudou, entre outros, com Bruno Peixoto Gomide, irmão de Sophia.
Formou-se e, como não conseguiu fazer carreira como advogado na Capital, ingressou no Ministério Público. Foi promotor em Ipiaí, Sarapuí, e no inicio de 1906, transferido para a Comarca de Itapetininga, que na época era uma das mais importantes do Estado. Não pôde comparecer ao enterro da namorada e do pai dela por estar em meio a um julgamento no Interior.
Enquanto analisava processos, Baptista Cepellos construia sua obra literária, era o poeta preferido de Olavo Bilac. O Diário Popular foi o primeiro jornal a  aproveitar uma de suas poesias. Publicou 'Noite de Natal' em 1892, ano em que era delegado de polícia em Santa Rita do Passa Quatro.
Desgostoso com a morte de Sophia, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde nunca conseguiu se firmar profissionalmente. Teve até de vender os seus livros de porta em porta, para pagar casa e comida. Em 7 de maio de 1915, suicidou-se saltando de uma pedreira na rua Pedro Américo, na Lapa.

Matéria de Renato Savarese e Wilson Cocchi, Revista Já 22/12/1996.

sábado, 27 de agosto de 2011

Rua Desembargador do Vale

Localizada em Perdizes, Zona Oeste, a Rua Desembargador do Vale foi oficializada pelo Ato 1.631, de 15/09/1921, e homenageia José Maria do Vale Júnior, político nascido em Florianópolis (SC) a 25 de maio de 1835. 
Formado pela Faculdade de Direito de São Paulo, de volta à sua cidade natal, foi promotor público, juiz municipal e juiz de Direito. Em 1867 mudou-se para o Espírito Santo, onde ocupou o cargo de Chefe de Polícia. Foi Presidente da Província do Espírito Santo em 1868, afastando-se da política após a queda do Partido Liberal, pelo qual estava filiado. 
Desembargador no Rio, foi depois transferido para o Tribunal de São Paulo, onde se aposentou em 1893. Um dos fundadores do Instituto Pasteur (1903), morreu na Capital, a 29 de março de 1914, aos 79 anos.

João de Camargo, o ex-escravo que virou santo em Sorocaba

João de Camargo, o milagreiro de Sorocaba, uniu espiritismo, catolicismo e cultos afros no inicio do século 20

Ritos africanos misturados a cultos católicos celebrados em latim, uma heresia ou um pacto de Deus com os Exús? O ano era 1907 e em Sorocaba, a 100 quilômetros da Capital de São Paulo só se falava de um ex-escravo chamado João de Camargo. O papa negro, como era conhecido, começava a construir sua igreja, a Capela do Bom Senhor Jesus da Água Vermelha, atraindo uma legião de fiéis. ”João incomodava muita gente, pois foi o primeiro a defender abertamente no Brasil, cultos afros e o pioneiro em manifestações negras inspiradas no espiritismo. Como seus antigos donos eram católicos, também recebeu essa influência. Utopicamente, juntou tudo que considerava de bom nessas religiões para criar uma nova”  conta o médico Carlos de Campos, de 54 anos, co-autor ao lado do historiador Adolfo Frioli do livro João de Camargo de Sorocaba – O Nascimento de uma religião (editora SENAC)
A trama que documentaram teve inicio em 16 de maio de 1858, quando a escrava Francisca, que também tinha dons mediúnicos, deu a luz a João de Camargo na pequena cidade de Sarapuí, região de Sorocaba. Aos 22 anos, as margens do córrego da água vermelha em Sorocaba – onde depois seria construída a capela - João teve uma visão que mudaria sua vida: um garoto chamado Alfredo, que morrera em um acidente de cavalo em 1859, teria lhe pedido que cuidasse dos doentes que passariam a procurá-lo. Desde o episódio, reza a lenda, João passou a curar enfermos com sua fé. ”A fama dele cresceu rapidamente. Atendia qualquer um, protestante ou católico. Por isso acabou preso muitas vezes por prática de curandeirismo, mas a cada prisão, no entanto, o rebanho aumentava” explica Carlos.
Proibido de participar de cultos e eventos organizados pela igreja católica, e perseguido pelos protestantes da região que queriam converte-lo. João sempre praticou a política de boa vizinhança com os desafetos. Tanto que abriu as portas de seu templo, só concluído em 1927, para fiéis de todos os credos.  Um ecumenismo também presente no altar, onde figuravam lado a lado, imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora, São Jorge, Nossa Senhora Aparecida, Iemanjá e até mesmo de Getúlio Vargas. A estratégia deu certo, por exemplo, os membros da irmandade de São Benedito, composta basicamente por ex-escravos e descendentes, costumavam encabeçar as procissões católicas, e sempre que o trajeto passava pela igreja do milagreiro, interrompiam a caminhada para pedir-lhe a benção.  “Os brancos que vinham atrás não reclamavam, tamanho era o respeito.”
Por vezes, é claro que os poderes mediúnicos de João de Camargo geravam histórias folclóricas. A mais valorizada delas associava o milagreiro a uma invenção que no inicio do século deixava muitos de cabelo em pé: o telefone. Diziam que ele tinha um aparelho em sua capela pelo qual se comunicava diretamente com Deus, Para isso, discava 507, o diálogo, apregoavam, era mais ou menos assim: “Alô, São Pedro? Quem fala é João de Camargo, Veja se o chefe pode me atender agora...”
Exageros a parte, a fama dos poderes de João ultrapassou fronteiras. Ele virou manchete de jornais na Itália e acabou eternizado em uma das versões do Velho Preto encontrada nos artigos de casa de umbanda. ”Não é exagero dizer que ele tem a mesma importância de heróis negros, como Zumbi. Em torno de João se reuniu uma população que acabara de conquistar a liberdade e acreditava em suas palavras” analisa Campos.
Em 28 de setembro de 1942, o ex-escravo deu por concluída sua missão terrena, morreu de causas naturais. Sorocaba parou, o enterro foi acompanhado por mais de 6 mil pessoas. João não ressuscitou no terceiro dia como Cristo, mas deixou um legado que resiste até hoje. Sua igreja chega a ser visitada diariamente por cerca de 50 pessoas, especialmente as terças e quintas feiras, quando são realizadas sessões espíritas.  “Ele cultuava a morte e a vida. Brindava com Deus e o Diabo. João de Camargo foi um iluminado e conseguiu chegar perto daquilo que os católicos chamam de santo”.
       Reprodução parcial de matéria de autoria de Luca Fernandes, revista Já, 14/11/1999
 A reprodução desta matéria tem caráter destinado apenas a informação e resgate histórico, as opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Avenida Osvaldo Aranha

Oswaldo Euclides de Souza Aranha nasceu em 15 de fevereiro de 1894, em Alegrete (RS), e começou seus estudos em São Leopoldo. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro em 1916, o político e estadista gaúcho que, junto com Getúlio Vargas e Góis Monteiro, comandou o início da Revolução de 1930 - que derrubou o presidente Washington Luis e colocou Vargas no poder - é homenageado com uma avenida que leva seu nome. Ela começa na Avenida Inhaíba e se estende até a rua Antônio Carlos da Fonseca, no Jardim da Saúde, Ipiranga, Zona Sul. 
Iniciou na política como intendente (cargo atualmente equivalente ao de prefeito) de sua cidade natal e subchefe de polícia de Porto Alegre, sendo em 1927 eleito deputado federal. Foi Ministro da Fazenda, da Justiça e de Negócios Interiores, além de ocupar o posto de embaixador em Washington, cargo que renunciou em protesto contra o Estado Novo. Mais tarde voltou ao ministério, ocupando a pasta de Relações Esteriores de 1938 a 1944 e a da Fazenda em 1953. Participou duas vezes da delegação brasileira na ONU, em 1947 durante a primeira sessão especial da Assembléia Geral da Organização, e novamente em 1957. 
Morreu no Rio, a 27 de janeiro de 1960, aos 66 anos, vítima de um ataque cardíaco.

A verdade sobre o Grito do Ipiranga

No célebre 7 de setembro de 1822, Dom Pedro estava a caminho de São Paulo para controlar uma revolta incentivada por portugueses.
"O Grito do Ipiranga", quadro de Pedro Américo (1843-1905) pintado em 1888
Em 7 de setembro de 1822 o príncipe regente Dom Pedro vinha de Santos quando já proximo de seu destino foi alcançado por dois mensageiros que lhe entregaram diversas cartas. Uma delas de autoria de sua mulher, Princesa Leopoldina, o aconselhava a proclamar a independência pois a corte portuguesa pretendia retomar o processo de colonização do Brasil. Indignado então, Dom Pedro bradou a célebre frase “ independência ou morte”
É assim que se tem ensinado as crianças o famoso episódio ocorrido na colina do Ipiranga há exatos 175 anos. O que não se explica nos bancos escolares é porque ele vinha de Santos já que morava no Rio de Janeiro então capital do vice reino. Teria vindo de navio até aquele porto e depois subido de cavalo rumo ao planalto?. E que motivo o trouxera ao território paulista?. Encontrar-se com Domitila de Castro, depois conhecida como Marquesa de Santos? Não. Porque ele nem a conhecia ainda.
Dom Pedro veio a Provincia de São Paulo por causa de uma quartelada, uma rebelião patrocinada por forças simpáticas a Portugal. Na verdade, não desembarcou em Santos, Viajou a cavalo pelo Vale do Paraíba para colocar ordem na bagunça que reinava na cidade de São Paulo. Depois foi até o litoral para apaziguar os ânimos das tropas revoltadas contra a “bernarda” como eram conhecidas na época as rebeliões contra as instituições estabelecidas

José Clemente Pereira
(1787-1854)

O golpe fora desfechado em 23 de maio de 1822 pelo Partido Português depois de perceber que a conspiração pela independência do Brasil costurada por maçons e liderada pelos irmãos Andrada ganhava vulto, esse processo vinha rolando havia tempos e teve um de seus grandes momentos em 9 de janeiro de 1822. Naquele dia o príncipe regente – que fora intimado pela corte portuguesa para retornar a Portugal para que o Brasil fosse recolonizado – anunciou sua celebre resposta para o presidente do Senado da Câmara do Rio de Janeiro José Clemente Pereira: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação estou pronto: diga ao povo que fico” O episódio que contou com a participação da Maçonaria ficou conhecido como o Dia do Fico.
João Carlos Augusto
de Oeynhausen Gravenburg
(1776-1838) foi Presidente da
Província de São Paulo
 (1819-1822)


Martim Francisco Ribeiro
de Andrada e Silva
(1775-1844)
 foi deputado e Ministro
da Fazenda no Segundo
Império
Muitos portugueses inclusive militares apoiaram a independência. Depois chegaram até a pegar em armas para defender a jovem nação em várias oportunidades a partir da Campanha da Cisplatina. Outros se opuseram, caso de um grupo de São Paulo que desde o episódio do Fico passou a tramar um golpe destinado a depor a junta provisória nomeada pelo príncipe regente. Antes chefiada por João Carlos Oeynhausen, simpático a Portugal, a junta passou a ser encabeçada por Martim Francisco de Andrada, irmão mais novo de José Bonifacio, que conspirava pela causa da independência.
A decisão do príncipe regente irritou dois dos maiores líderes da causa portuguesa em solo brasileiro: o juiz de fora José da Costa Carvalho e o brigadeiro Francisco Inácio de Sousa Queirós, que moravam no Rio. Em 23 de maio os partidários de Francisco Inácio na Capital paulista puseram as tropas na rua formando no Largo de São Gonçalo, hoje Largo da Liberdade, Em seguida convocaram a Câmara e depuseram Martim Francisco e outro membro da junta, o brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão.
José da Costa Carvalho e Souza Queirós

Comandante Militar de Santos, Xavier de Almeida, começou a subir a Serra do Mar com suas tropas para enquadrar os golpistas. Recebeu o apoio da Câmara de Itu, que também tomou posição contraria aos inimigos da independência do Brasil. Muito ousados, eles não avaliaram bem a gravidade do ato que haviam cometido em São Paulo. Resolveram então recuar pedindo a Dom Pedro que viesse a São Paulo para resolver a situação. O convite foi aceito.
O príncipe regente deixou o Rio de Janeiro em 14 de agosto de 1822. Seu primeiro pouso foi em Venda Grande, onde o padre Belchior Pinheiro, tio de José Bonifacio, juntou-se a comitiva. Dali em diante foram festas, banquetes e missas em cada vila pela qual ele e seus homens passavam. O fundador do império brasileiro teve seu nome até ligado a culinária, pois lhe serviram pratos regionais que nunca tinha provado. Elogiou as iguarias, muitas das quais passaram a ser servidas a moda Dom Pedro I.
Em 24 de agosto, Dom Pedro chegou a Penha, na Zona Leste da Capital, à tarde. Lá foi seu derradeiro pouso. No dia seguinte ele era recebido com festa na Capital paulista. Depôs a junta que se instalara no poder e passou o bastão para Xavier de Almeida como já havia determinado. Em seguida rumou para Santos com o objetivo de acalmar as tropas e anunciar que os “bernardistas” já estavam fora do poder. Feito isso subiu a Serra do Mar.
Quando já se encontrava no Sitio do Piranga como era chamada aquela região da cidade, vieram ao seu encontro os mensageiros Paulo Bregaro e Antonio Cordeiro, de quem recebeu documentos das cortes portuguesas que o intimavam a retornar a Europa e deixavam claro o propósito lusitano de rebaixar o Brasil de Vice Reinado para Colônia. A remessa incluía ainda, cartas de sua mulher e de José Bonifacio, aconselhando-o a reagir a intimação lusitana declarando a independência do Brasil. E foi o que ele fez. Eram quatro horas da tarde daquele 7 de setembro de 1822;
Quem vê o célebre quadro de Pedro Américo sobre a Independência do Brasil imagina que Dom Pedro convocou uma grande manifestação para marcar o rompimento com Portugal. Testemunhas oculares contudo afirmaram que o Grito do Ipiranga nada teve de retumbante. Esse é o caso do padre Belchior Pinheiro, que integrava a comitiva do príncipe regente naquela viagem. Segundo ele, o fundador do Império do Brasil cavalgava, na verdade, uma besta e não o cavalo baio pintado por Américo.

Belchior Pinheiro de Oliveira nasceu em
Diamantina, MG, a 8 de dezembro de 1778.
Foi sagrado padre em 1798, e se tornou
Vigário de Pitangui, MG em 1814. Eleito
Constituinte do Império em 1823 foi
destituído e exilado na França com os
irmãos Andrada onde permaneceu até 1829.
Voltou ao Brasil e  reassumiu seu posto
de Vigário em Pitangui, onde morreu
em 12 de junho de 1856.






Em carta escrita em 1826 a Manoel Joaquim da Rocha, o religioso conta detalhadamente os fatos ocorridos naquela tarde de setembro de 1822. Segundo o padre, Dom Pedro mandou que ele lesse em voz alta os documentos que lhe foram entregues por Paulo Bregaro e Antonio Cordeiro: uma instrução das cortes tratando-o como rebelde e intimando-o a voltar para Portugal, uma carta de Dom Joao VI, outra de sua mulher Leopoldina e outra de José Bonifacio.
“ Dom Pedro, tremendo de raiva, arrancou das minhas mãos os papéis e, amarrotando-os, pisou-os e deixou-os na relva, Eu os apanhei e guardei. Depois, abotoando-se e compondo-se a fardeta (pois vinha de quebrar o corpo a margem do riacho do Ipiranga, agoniado por uma desinteria) voltou-se para mim e disse:
- e agora Padre Belchior?
E eu respondi prontamente
- Se Vossa Alteza não se faz rei do Brasil, será prisioneiro das cortes e será talvez deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação.
Dom Pedro caminhou alguns passos , silenciosamente acompanhado por mim, em direção aos nossos animais que se achavam a beira da estrada De repente, estancou lá no meio da estrada dizendo:
_Padre Belchior, eles o querem, eles terão a sua conta. As  cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de 'rapazinho' e de ‘brasileiro’, pois verão agora o quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações, nada mais quero do Governo português e proclamo o Brasil para sempre separado de Portugal.
Respondemos imediatamente com entusiasmo
-Viva a liberdade! Viva o Brasil separado! Viva Dom Pedro!
O príncipe virou-se para seu ajudante de ordens e disse:
-Dize a minha guarda que que eu acabo de fazer a independência do Brasil. Estamos separados de Portugal.
Manoel Marcondes de Oliveira Melo
Barão de Pindamonhangaba, onde
nasceu em 1780. Era fazendeiro e
1º Comandante da Guarda de Honra
Morreu em 6 de agosto de 1863. 


O barão de Pindamonhangaba foi outra testemunha ilustre do grito do Ipiranga, pois naquele dia, ele comandava a linha de frente da comitiva de Dom Pedro. Em relato feito a João Romeiro, ele relata assim o episódio:
"Chegando ao Ipiranga, sem que ninguém aparecesse, fiz parar a guarda junto a uma casinhola que ficava a beira da estrada, a margem daquele riacho. Para prevenir qualquer surpresa, mandei o guarda Manoel de Godoi, que era dos mais moços, colocar-se de atalaia em um lugar de onde pudesse descobrir a aproximação do príncipe.
Tomando essa providência, apeamos e nos pusemos a descansar conforme era natural.
Poucos minutos poderiam ter se passado depois da retirada dos viajantes (Bregaro e Cordeiro) eis que percebemos que o guarda que estava de vigia vinha apressadamente em direção ao ponto em que nos achavamos. Compreendi o que aquilo queria dizer, e imediatamente mandei formar a guarda para receber Dom Pedro que devia entrar na cidade em duas alas. Mas tão apressado vinha o príncipe, que chegou antes que alguns soldados tivessem tempo de alcançar as selas.
Havia de ser quatro horas da tarde mais ou menos.
Vinha o principe na frente. Vendo-o voltar-se para o nosso lado, saímos ao seu encontro. Diante da guarda que descrevia um semicírculo, estacou o seu animal, e de espada desembainhada bradou:
- Amigos! Estão para sempre quebrados os laços que nos ligaram ao Governo Português! E aos topes (emblemas lusitanos no alto dos chapéus) que os indicam como súditos daquela nação, convido-os a fazerdes assim.
E arrancando do chapéu que ali trazia, a fita azul e branca, a arrojou no chão, sendo nisto acompanhada por toda a guarda, que tirando dos braços o mesmo distintivo lhe deu igual destino.
Depois de vivas ao Brasil independente e a Dom Pedro, seu defensor perpétuo, o príncipe ainda bradou “Será nossa divisa de ora em diante – Independência ou Morte - a que fizeram coro todos os componentes da comitiva.

Odair Rodrigues Alves, Revista Já 7/9/1997

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A história dos imigrantes está guardada no Brás


Dezenas de pessoas procuram o Memorial do Imigrante (antigo Centro Histórico do Imigrante) que funciona na antiga hospedaria do Imigrante no bairro do Brás, Região Central. Era na hospedaria onde os imigrantes de diversos países moravam até conseguir trabalho e casa.

Desembarque de imigrantes europeus
na Hospedaria do Imigrante em 1907

O processo de restauração do acervo do instituto começou a ser feito em 1983, hoje a maior parte do material já está devidamente relacionado, em volumes que descrevem o nome dos imigrantes, o navio e data de desembarque. O acervo também é composto de vários documentos e certidões.

Bonde do Memorial do Imigrante

Nestes livros estão relacionados mais de 70 nacionalidades diferentes, passando por alemães, espanhóis, russos e japoneses, o número exato de imigrantes que passou pela hospedaria é impossivel de ser calculado.

Imigrantes japoneses saindo de Santos
em direção a Hospedaria em 1930

A hospedaria começou a ser construída em 1886 a pedido do Segundo Visconde de Parnaíba, Antônio de Queirós Telles. O projeto arquitetônico foi de Mateus Haussler. Em junho do ano seguinte a hospedaria ficou pronta e começou a receber imigrantes de todas as partes do mundo, sozinhos ou com suas famílias. A casa recebeu imigrantes até 1978. Em 1982 o edifício foi tombado como patrimônio histórico, o que permitiu que fosse conservada a arquitetura original. Em 1986 foi criado o Centro Histórico do Imigrante.
Maria-fumaça do Memorial do Imigrante
restaurada e ativa até hoje

Antonio de Queirós Telles, Segundo Visconde e Primeiro Conde da Parnaíba (1831-1888), foi incentivador da imigração, deputado abolicionista e Presidente da Província de São Paulo (1886-1887)

Monumento a Mons. Luís Gonzaga de Moura

Do reconhecimento e gratidão da comunidade da Paróquia de São João Maria Vianey nasceu o Busto do Monsenhor Luis Gonzaga de Moura, na praça Cornélia, entre as ruas Cláudio e Clélia, na Lapa, Zona Oeste.
Com a morte do Monsenhor, em 27 de abril de 1989, os paroquianos quiseram ho- menageá-lo de alguma forma especial. Os próprios fiéis custearam a obra que foi feita por Rafael Rotondaro, morador da região. O artista plástico se baseou em fotos do monsenhor para fazer seu busto em concreto.


Luís Gonzaga de Moura nasceu em 26 de julho de 1906. Entre 1937 até 1988 ele se dedicou a paróquia, cuidando de três gerações de fiéis, o que lhe valeu o título de honra de monsenhor.
Na inauguração da obra em 1989, na praça em frente a igreja, o descerramento da placa de identificação foi feito por um membro da família Rivetti, que representou as mais antigas do bairro. Na ocasião, o pároco da igreja era Vito Domenico Cursi.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Rua Cláudio Manoel da Costa

A rua Cláudio Manoel da Costa fica no Jardim Europa, em Pinheiros, Zona Sul. Ela não tem saída e começa na rua Grécia. Seu nome é uma homenagem ao jurista e poeta mineiro nascido em 05 de junho de 1729, e que estudou no Rio de Janeiro.
Fundador do Arcadismo na literatura brasileira, foi um dos líderes da Inconfidência Mineira, movimento que pretendia libertar o Brasil do dominio português.
Em 1754, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal. Voltou a Minas Gerais, onde começou a exercer a profissão, ocupando o cargo de juiz em Vila Rica até 1773.
O escritor era sonetista e poeta lírico. Os motivos bucólicos e neoclássicos, e o idealismo platônico são características de sua poesia, reunida no livro "Obras Poéticas" de 1768.
Após a descoberta do plano dos Inconfidentes e a dissolução do movimento, Cláudio Manoel da Costa foi encontrado enforcado na cela onde estava preso em Vila Rica, a 04 de julho de 1789, aos 60 anos, em circunstâncias até hoje não esclarecidas.

Rua Carlos Weber

A Rua Carlos Weber começa na Rua Guaipá, e termina na Teerã, Vila Leopoldina, Lapa, Zona Oeste. Ela foi oficializada em 03/11/1954, e homenageia o compositor alemão nascido na cidade de Eutin, a 19 de novembro de 1786.
O barão Karl Friedrich Ernst Von Weber se dedicou primeiro a litografia e pintura, depois passando para a música, sendo o fundador da ópera romântica na Alemanha.
Foi aluno de grandes mestres da época, como Valesi e Haydn, e dirigiu as Orquestras de Breslau, Praga e Dresden.
Sua notabilidade artística lhe valeu o cargo de intendente de música do príncipe Eugênio de Wulttemberg, e depois, de secretário particular e professor dos filhos do príncipe Louis Wulttemberg.
Convidado para ir a Londres em 1826, para encenar uma obra escrita por ele, morreu durante a preparação do trabalho, em 05 de junho daquele mesmo ano, vítima de uma tuberculose.

Rua José do Patrocínio

A rua José do Patrocínio, no Sacomã, Ipiranga, Zona Sul, oficializada pela Lei 449, de 04/09/1950, homenageia o jornalista e escritor que se notabilizou como defensor da libertação dos escravos, tornando-se um dos maiores nomes da causa abolicionista. A via é uma travessa da rua 29 de Dezembro, paralela com a Estrada das Lágrimas.
Nascido em Campos dos Goytacases, (RJ) a 09 de outubro de 1853, José Carlos do Patrocínio era filho da escrava alforriada Maria do Espirito Santo e do cônego José Carlos Monteiro, que deve seu nome a data de batismo (08 de novembro) quando a Igreja Católica comemora o patrocínio da Virgem Santíssima.
Formado em Farmácia pela Faculdade de Medicina do Rio, em 1871, foi redator do extinto jornal Gazeta de Notícias em 1879, quando começou a defender suas convicções abolicionistas.
Posteriormente adquiriu, com dinheiro emprestado do sogro, o jornal 'Gazeta da Tarde', e o destinou à defesa da abolição, concluída com a promulgação da Lei Áurea, em 1888.
Monarquista, retirou-se da política após a proclamação da República, quando passou a atuar nos campos das artes e ciências, sendo um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras em 1897. 
Morreu em estado de pobreza no Rio, a 30 de janeiro de 1905, aos 51 anos, vítima de tuberculose pulmonar.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Rua Carlos Carneiro de Campos

A rua Carlos Carneiro de Campos na Vila Inácio, Perus, Zona Oeste, foi oficializada pelo decreto 20.434, de 19/11/1984, e homenageia o Visconde de Caravelas, Carlos Carneiro de Campos, nascido em 01 de novembro de 1805, em Salvador (BA).
Após terminar o curso secundário, serviu como cadete no batalhão de Dom Pedro I e estudou dois anos na escola militar, dando baixa por não se adaptar aos rigores da carreira. Em 1829, foi nomeado professor catedrático do curso jurídico em São Paulo, onde permaneceu por mais de trinta anos.
Deputado províncial pela Bahia de 1838 a 1841, presidiu a Província de Minas Gerais em 1842, e entre 1857 e 1860. Como Ministro Interino de Negócios Estrangeiros, baixou vários decretos a fim de minimizar a forte crise comercial de 1864.
Nomeado visconde em 1872, morreu no Rio, a 28 de abril de 1878, aos 73 anos.