sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Rua Conde do Pinhal

A Rua Conde do Pinhal, na Liberdade, Zona Central, antiga Travessa da Glória, teve sua denominação oficializada através do Ato 1.724, de 31/03/1922, e faz homenagem a Antônio Carlos de Arruda Botelho, o Conde do Pinhal, nascido em Piracicaba, Interior do Estado, a 23 de agosto de 1827. 
Político e fazendeiro de café, foi juiz e Presidente da Câmara Municipal de Araraquara em 1857, e deputado da Província de São Paulo em 1864. Responsável pelo abastecimento das tropas brasileiras durante a Guerra do Paraguai, por seus serviços recebeu a Ordem da Rosa em 1868, e o título de barão em 1879. 
Conde do Pinhal e esposa
Foi um dos fundadores da Companhia Rio Claro de Estradas de Ferro em 1882, que construiu diversas ferrovias no Interior para o escoamento da produção cafeeira, e Presidente da Assembléia Legislativa Provincial Paulista em 1883. 
Nomeado Conde em 1887, e Deputado do Império de 1886 até 1889, quando houve a Proclamação da República. Tornou-se Senador Constituinte de 1891 a 1893, quando se afastou da política e se retirou para São Carlos, no Interior do Estado, cidade que fundou em 1857, e onde morreu após voltar de uma viagem de negócios ao Rio, em 11 de março de 1901, aos 74 anos.

Rua Antônio Canova

A Rua Antônio Canova, em São Miguel Paulista, Zona Leste, antiga rua Taquaritinga, que liga as avenidas Afonso Lopes de Baião e Pires do Rio, foi oficializada pelo Decreto 15.605, de 27/12/1978, e faz homenagem ao desenhista e escultor italiano, nascido na municipalidade de  Possagno, a 01 de novembro de 1757, que foi o principal representante da escultura neoclássica na Itália, com um estilo notavelmente inspirado na Grécia antiga e considerado um dos mais importantes e influentes escultores de sua época. 
Eros e Psiquê (1777)
Entre suas diversas obras realizadas, destacam-se 'Eros e Psiquê', 'As Três Graças', 'Perseu com a cabeça da Medusa' (1800), os túmulos dos Papas Clemente XIII (1792) e Clemente XIV (1787), e diversas figuras retratando o imperador francês Napoleão Bonaparte.
Inspetor-geral de Antiguidades e Belas Artes do Vaticano a partir de 1802, e nomeado Marquês de Ischia pelo Papa Pio VII, morreu em Veneza, Itália, a 13 de outubro de 1822, aos 64 anos.

Rua Barão de Itapetininga

A Rua Barão de Itapetininga, na República, Zona Central, oficializada pelo Ato 972, de 1916, faz homenagem a Joaquim José dos Santos Silva, o Barão de Itapetininga, nascido em São Paulo a 16 de junho de 1799. 
Fazendeiro, capitalista e deputado de São Paulo entre 1842 e 1843, foi nomeado Barão em 1863. Proprietário de uma plantação de mate conhecida como 'Morro do Chá', delimitada pelo Vale do Anhangabaú, Largo da Memória, Rua Sete de Abril, Avenida Ipiranga, Praça da República até a Avenida São João, e de lá fechando de volta ao Anhangabaú, se opôs ao projeto da Câmara Municipal,  aprovado em 1862, para a abertura de uma rua ligando a Praça da República até a Rua Formosa, no Anhangabaú, visto que a via passaria por suas terras que teriam de ser parcialmente desapropriadas. 
A 'Rua do Chá' foi finalmente aberta em 1875, e em 07 de maio daquele ano, foi batizada como Rua Barão de Itapetininga. O barão morreu na Capital, a 11 de julho de 1876, aos 77 anos. Após sua morte, sua casa na rua Líbero Badaró foi demolida para o início das construções do Viaduto do Chá, em 1877.

Praça Major José Levy Sobrinho

A Praça Major José Levy Sobrinho, em Itaim Paulista, Zona Leste, antes conhecida como Praça B, foi oficializada pelo Decreto 8.091, de 31/03/1969, e faz homenagem ao político e agricultor descendente de alemães, nascido em Limeira, Interior do Estado, a 17 de dezembro de 1884.
Iniciou seus estudos no Rio e São Paulo, especializando-se em finanças e comércio na Alemanha. De volta ao Brasil, passou a trabalhar no banco da família, sendo eleito Vereador de Limeira em 1905. Presidente da Câmara Limeirense e vice-prefeito da cidade entre 1910 e 1913, foi um dos primeiros cultivadores à exportar cítricos para a Europa, em 1926, tendo também negócios com mineração, indústrias de fósforos e serrarias, tornando-se também, o maior criador paulista de bicho-da-seda nos anos 30.
Comandante das tropas paulistas de Limeira contra os federais durante a Revolução de 1932, foi nomeado Prefeito de Limeira de 1938 até 1939, quando assumiu a Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio, onde ficou até 1941. Durante sua carreira, Limeira se tornou o maior centro citrícola do Estado.
Membro do Diretório do antigo Partido Republicano Paulista (PRP), morreu em sua fazenda em Limeira, a 22 de janeiro de 1957, aos 73 anos, vítima de uma série de problemas cardíacos e renais.

Rua Henrique Osvaldo

A Rua Henrique Osvaldo, na Penha, Zona Leste, que era anteriormente uma travessa de mesmo nome, foi oficializada pela Lei 4.371, de 17/04/1953, sendo confirmada pelo Decreto 2.803, de 28/01/1955, em homenagem ao compositor Henrique José Pedro Maria Carlos Luís Oswald, nascido no Rio, a 14 de abril de 1852. 
Mudou-se para São Paulo em 1853, onde aprendeu música com os instrumentos da loja de pianos do pai. Aos 16 anos, partiu para aprimorar seus estudos na Itália, onde teve considerável prestígio. Voltou ao Brasil em 1896, realizando apresentações em São Paulo e Rio, intercalando visitas ao País com apresentações na Europa, tendo premiada sua ópera 'O Novato' em um concurso na França em 1902. 
Nomeado diretor do Instituto Nacional de Música do Rio, entre 1903 e 1906, voltou definitivamente ao Brasil em 1909. Entre seus trabalhos mais notáveis estão a ópera 'O Destino' e a sinfonia 'Festa', além de numerosas obras para piano, violoncelo, canto e orquestra. Morreu no Rio, a 09 de julho de 1931, aos 79 anos.

Rua Jorge Jones

A Rua Jorge Jones, na Vila Curuçá, Itaim Paulista, Zona Leste, antiga rua 60, oficializada através do Decreto 10.068, de 27/07/1972, faz homenagem a um Herói da Revolução Constitucionalista morto em combate, nascido em Piracicaba, Interior do Estado, a 05 de março de 1902.
Morador de Americana, Campinas, quando se apresentou pouco depois do início do conflito. Morreu em 18 de agosto de 1932, aos 30 anos, entre as cidades de Socorro e Lindóia, no Interior do Estado, quando ele e alguns companheiros foram avistados por federais durante uma patrulha de reconhecimento e executados, sendo seus corpos enterrados no próprio local.

Rua Engenheiro Lauro Penteado

A Rua Engenheiro Lauro Penteado, na Vila Monumento, Ipiranga, Zona Sul, antes chamada de rua Quatro, foi aberta em terreno de propriedade do engenheiro José Antônio Salgado (1881-1971), que a doou a cidade através do Ato 762, de 03/01/1935, para uso público, e faz homenagem a Lauro de Barros Penteado, soldado da Revolução de 1932
Nascido em Piracicaba, Interior do Estado, a 20 de fevereiro de 1904 e descendente de familia tradicional paulista, formou-se em engenharia na Universidade Mackenzie e apresentou-se como voluntário na Revolução Constitucionalista logo no inicio do conflito.
Morreu em 17 de setembro de 1932, aos 28 anos, no Rio das Almas, perto do município de Capão Bonito, a Oeste da Capital, quando a trincheira onde estava foi atingida por uma granada dos soldados federais, sendo declarado 'herói de 1932'.

Praça Orlando Silva

A Praça Orlando Silva, na Vila Guilherme, Vila Maria, Zona Norte, oficializada pelo Decreto 16.961, de 16/10/1980, relembra o músico conhecido como 'O Cantor das Multidões', que foi considerado um dos maiores artistas brasileiros do início do Século XX, intérprete de sucessos da época, como 'Carinhoso', 'Lábios que Beijei' e 'Sertaneja', e que se caracterizava pela classe e potência de voz. 
Nascido no Rio, em 03 de outubro de 1915, de origem humilde, Orlando Garcia da Silva trabalhou como sapateiro, vendedor e office-boy, decidindo tentar a carreira de cantor após um acidente de bonde em 1932, que quase lhe amputou um pé, fazendo-o se tornar dependente do uso de morfina. 
Estreou aos 19 anos, e teve o auge de sua popularidade entre 1935 a 1942, quando sua carreira decaiu devido à dependência química e de um acesso de gengivite úlcero necrosante agúda que lhe fez perder todos os dentes superiores e afetando sua qualidade de voz. Esquecido, envolveu-se com álcool e drogas, morrendo no Rio, em 07 de agosto de 1978, vítima de um ataque cardíaco, aos 62 anos.

Praça Professor Sérgio Buarque de Hollanda

A Praça Professor Sérgio Buarque de Hollanda, na Vila Formosa, Zona Leste, oficializada pelo Decreto 21.795, de 26/12/1985, homenageia um dos mais importantes intelectuais brasileiros, pai do cantor e compositor Chico Buarque, que nasceu no bairro da Liberdade, na Capital, a 11 de julho de 1902. 
Formado em Ciências Jurídicas e Sociais na antiga Universidade do Brasil (hoje, Universidade Federal do Rio) em 1925, foi correspondente dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, na Europa, entre 1929 e 1930. Em 1936 publicou sua obra mais conhecida 'Raízes do Brasil', reeditada 14 vezes e traduzida para diversas linguas. Neste mesmo ano foi nomeado professor na Universidade do Distrito Federal, onde ficou até 1939. 
Foi Diretor da Divisão de Consulta da Biblioteca Nacional do Rio, entre 1944 a 1946, quando se mudou para São Paulo, assumindo o cargo de Diretor do Museu do Ipiranga, onde ficou até 1956. Foi professor de filosofia da USP e na Universidade de Roma, entre 1953 a 1955. Em 1957 publicou o livro 'Caminhos e Fronteiras', sobre o inicio da colonização brasileira, e em 1959, tornou-se membro da Academia Paulista de Letras.
Primeiro diretor do Instituto de Estudos Brasileiros da USP em 1962, abandonando a carreira catedrática em 1969, em protesto ao Ato Institucional nº 05, e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980, morreu na Capital, a 24 de abril de 1982, aos 79 anos.

Rua Doutor Erasmo Teixeira de Assunção

A Rua Doutor Erasmo Teixeira de Assunção, no Morumbi, Butantã,  Zona Oeste, foi oficializada pelo Decreto 15.635, de 17/01/1979, e homenageia o empresário Erasmo Teixeira de Assumpção, nascido em Tietê, Interior do Estado, a 14 de maio de 1875. 
Filho de família tradicional paulista, formou-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e foi um dos organizadores da Bolsa Oficial do Café de Santos, em 1922, e um dos fundadores da Companhia Nacional de Seguros de Vida, em 1925, sendo nomeado Secretário da Fazenda do Estado em 1930. 
Foi ainda Presidente da empresa 'City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited', que urbanizou os bairros do Butantã, Alto de Pinheiros e Pacaembu, e integrante da Comissão Executiva das obras da construção da Catedral da Sé, em 1913. 
Eleito deputado estadual, era parente do ex-prefeito de São Paulo, Antônio Carlos de Assumpção (1872-1952). Morreu na Capital, a 09 de novembro de 1957, aos 82 anos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Passarela Ciccillo Matarazzo

Oficializada pelo Decreto 23.687, de 08/04/1987, a Passarela Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera, em Moema, Zona Sul, é um viaduto para passagem de pedestres sobre as avenidas Pedro Álvares Cabral e Vinte e Três de Maio, que faz homenagem ao industrial Francisco Antônio Paulo Matarazzo Sobrinho, o Conde 'Ciccillo' Matarazzo, nascido na Capital, a 20 de fevereiro de 1898. 
Em 1922, seu tio, Francesco Matarazzo (1854-1937) separou a Metalúrgica Matarazzo de seu conglomerado e a entregou para o comando de Ciccillo e seu genro Giúlio Pignatari (1889?-1937), que a expandiram consideravelmente. 
Em 1943, Ciccillo casou-se com Yolanda Penteado, e juntos, passaram a patrocinar as artes. Em 1945, fundou o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), e organizou a primeira Bienal Internacional de São Paulo em 1951. Participou também da criação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) em 1948, da Companhia Cinematográfica Vera Cruz em 1949, do Parque do Ibirapuera em 1954. e do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC) em 1963. 
Eleito Prefeito de Ubatuba de 1964 a 1969, pelo Partido Social Progressista (PSP), continuou participando das organizações da Bienal de São Paulo até 16 de abril de 1977, quando morreu em seu apartamento no bairro da Consolação, Zona Norte da Capital, aos 79 anos.

Rua Felisberto Ranzini

Antes uma rua sem nome que teve a denominação atual oficializada através do Decreto 17.826, de 11/02/1982, a Rua Felisberto Ranzini, no Ipiranga, Zona Sul, é um beco sem saída que começa na rua Dom Pero Sardinha e faz homenagem ao arquiteto italiano nascido em Mântua a 18 de agosto de 1881, que fez carreira em São Paulo, onde veio morar ainda muito jovem. 
Mercado Municipal (1933)
Aluno do Liceu de Artes e Ofícios, foi Professor da Escola Politécnica, e em 1904, passou a trabalhar para o arquiteto Ramos de Azevedo, tornando-se seu projetista-chefe a partir de 1920. Realizou o projeto do Palácio da Justiça de São Paulo, ao lado de Domiziano Rossi em 1911, e foi também desenhista e pintor de aquarelas, tendo participado de diversas exposições. 
Autor do projeto do Mercado Municipal em 1933, morreu em São Paulo, a 22 de agosto de 1976, aos 95 anos.

Rua Doutor Carlos Botelho

A Rua Doutor Carlos Botelho, no Brás, Zona Central, oficializada pelo Decreto 3.412, de 26/12/1956, faz homenagem ao cirurgião e político Carlos José de Arruda Botelho, filho do Conde do Pinhal, nascido em Piracicaba, Interior do Estado, a 14 de maio de 1855. 
Formado pela Faculdade de Medicina do Rio, concluiu estudos em Paris, na França. De volta a São Paulo, começou a trabalhar na Santa Casa de Misericórdia, de onde foi primeiro Diretor Clínico entre 1891 e 1894. Foi um dos fundadores da Academia de Medicina de São Paulo, em 1895, sendo seu segundo Presidente entre 1896 e 1897. 
Como Secretário da Agricultura do Estado entre 1904 e 1908, realizou a introdução de métodos modernos na área e o inicio do saneamento da cidade de Santos. Morreu em São Carlos, Interior do Estado, a 20 de março de 1947, aos 92 anos.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Após Duas Décadas, Pesquisadores de Limeira Identificam o Descobridor da Doença de Chagas

Joseph Cooper Reinhardt
Um mistério da medicina mundial foi desvendado em Limeira, no Interior do Estado. Um grupo de pesquisadores do Pró-Memória, órgão ligado à Secretaria de Cultura daquela cidade, conseguiu identificar no final de julho de 1997, depois de quase duas décadas de buscas, o homem que descobriu e fez as primeiras descrições mundiais da Doença de Chagas. Trata-se do médico, naturalista e aventureiro norte-americano Joseph Cooper Reinhardt, que viveu em Limeira e Campinas, onde morreu, há mais de 100 anos. 
O doutor Cooper, como era conhecido naquela região do Estado, identificou pela primeira vez os sintomas que caracterizam a doença, durante suas andanças pelo Interior paulista em 1850. Ele a chamou de 'Mal do Engasgo', nome que se manteve nos tratados de medicina até o início do Século XX, quando o cientista brasileiro Carlos Chagas descobriu o protozoário Trypanosoma cruzii, transmissor da doença, e seu vetor, o Bicho Barbeiro
Daniel Parish Kidder 
 (NY, EUA, 1815 - 
Illinois, EUA, 1891)
Desde o início do Século XX, quando o 'Mal do Engasgo' passou a ser chamado de Doença de Chagas, inúmeros pesquisadores buscaram em vão a identidade de Cooper. Em 1980, graças a uma pista vaga, o professor Odilon Nogueira de Matos, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Camp), retomou as investigações. Ele leu referências sobre a passagem de dois pastores evangélicos pelo Brasil, entre 1836 e 1855, Daniel Parish Kidder (1815-1891) e James Cooley Fletcher (1823-1901), precursores da religião metodista no País, que peregrinaram por diversas cidades do Interior paulista e, nessas andanças, teriam conhecido o tal 'doutor' que diagnosticara o 'Mal do Engasgo'.
Odilon Nogueira de Matos 
(Piratininga, SP, 05/05/1916 - 
Campinas, SP, 17/02/2008)
Com essa informação nas mãos, o professor Nogueira de Matos resolveu pedir auxílio ao sociólogo Wilson José Caritá, no Pró-Memória de Limeira. Caritá tem um vasto conhecimento da bibliografia histórica do Interior paulista. Não foi difícil para ele, descobrir que os missionários Kidder e Fletcher haviam escrito livros importantes sobre o que viram e viveram no Interior do Estado. Uma dessas obras, “Sketches of Residences and Travels in Brazil”, de Kidder, foi editado apenas nos Estados Unidos, em 1845. 
Duas décadas depois, em 1865, Fletcher ampliou esse material e o editou também no Brasil, em dois volumes, com o título “O Brasil e os Brasileiros”. Os dois livros falavam longamente de um certo 'doutor', oriundo da Pensilvânia, nos Estados Unidos, 'amante da natureza, estudioso de botânica e geologia'. Segundo o autor, ele viera ao Brasil acompanhado de outros cientistas norte-americanos para estudar a flora e a mineralogia destas terras ao sul do Equador. Foi Fletcher, também, quem relatou que o tal 'doutor' era o único médico conhecido em todo o País a diagnosticar “uma estranha doença aqui existente”. Em julho de 1855, a notícia da existência do 'Mal do Engasgo', a partir de uma comunicação feita por Fletcher, era publicada no Jornal do Comércio, de Nova York, Costa Leste dos Estados Unidos.
Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas 
(Oliveira, MG, 09/07/1879 - RJ, 08/11/1934) 
- Foto: Fundação Oswaldo Cruz
O relato sobre a vida do ‘doutor' no livro de Fletcher não era pequeno. Ocupava várias páginas, em diferentes capítulos. O missionário conta que, tanto ele como seu compatriota Kidder, chegaram a se hospedar algumas vezes na residência do 'doutor' quando ele ainda vivia em Limeira. Nas páginas 112 e 113 de “O Brasil e os Brasileiros”, Fletcher chega a invadir a vida privada do “doutor”. 
Joseph Cooper Reinhardt, acerca de 1831.
- Foto: Centro de Memória da Unicamp
Conta que ele, quando “tinha escritório em cidade do Interior paulista” conheceu uma brasileira, viúva, por quem se apaixonou. Era Ana Corrêa de Matos. “Por estar casado com as florestas virgens, não desejando outro casamento, fugiu para as matas. De regresso de sua viagem, ele cedeu e casou. Tiveram um filho, George Washington”, relata. Apesar desta profusão de detalhes, o livro do missionário não revelava uma informação básica: o nome do tal 'doutor'. ”Difícil saber se essa falha era intencional ou um deslize do autor”, comenta Caritá. De qualquer forma, a partir de então, ele foi obrigado a tomar outro caminho. “Fiz um levantamento minucioso nos livros de nascimentos e óbitos da Cúria Diocesana de Limeira”, lembra. O caminho mais óbvio era descobrir o registro de George Washington, o filho do casal. “Mas esse registro não existe em Limeira”, observa. A partir dos registros dos óbitos, Caritá localizou todos os nomes de americanos que faleceram na cidade. Procurou então seus descendentes. Novo fracasso. “Não conseguimos uma única pista concreta”, recorda ele.
No final dos anos 80, a única referência sobre um médico americano que teria vivido na cidade, no século XIX, foi fornecida por um antigo morador, José Borrelli. Ele se lembrava de histórias contadas por sua avó, falecida há muito, sobre um certo doutor Harry ou Harris. Mas as investigações feitas sobre esses nomes levaram a nada. “Hoje, imaginamos que Harry ou Harris podia ser uma adaptação, feita através dos tempos, do segundo sobrenome do doutor Cooper, Reinhardt”, afirma a socióloga Maria José Ferreira de Araújo Ribeiro, diretora do Pró-Memória de Limeira e uma das principais responsáveis pelas investigações.
Em 1989, depois de ter perseguido sem sucesso todas as pistas que cruzaram seu caminho, Caritá desistiu das investigações. Mas em 1993, uma casualidade levou o professor a retomar as buscas. Assim que assumiu o Departamento de Memória Histórica e Arquitetônica de Cultura de Limeira, ele conheceu Maria José. Ela ouvira vagas referências sobre o 'doutor', que teria vivido alguns anos em Santa Bárbara D´Oeste, cidade próxima a Limeira.
Durante dois anos, Caritás interrogou centenas de descendentes de americanos da cidade. Chegou a procurar diversas famílias que haviam migrado para Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Novamente, tudo em vão.
Maria Luíza Pinto de Moura 
(1924-2004) 
Foto: Pró-Memória de Campinas
A figura do 'doutor', que já se tornara quase etérea para os dois pesquisadores, adquiriu forma, abruptamente, no final de 95. Maria José visitava o Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, e lá conheceu Maria Luiza Pinto de Moura, uma das associadas. Luiza lembrou uma história que ouvira ainda criança, em sua família. Seus avós contavam de uma parente distante, uma viúva chamada Rita, que havia se casado, no Século XIX, com um médico de origem norte-americana em Limeira. Foi um estalo! A socióloga Maria José investiu de corpo e alma nessa nova pista.
A partir de entrevistas com familiares de Luiza, foi finalmente descoberto o nome do 'doutor': Joseph Cooper Reinhardt. Dois anos antes da passagem de Fletcher pelo Brasil, este médico havia sido investigado pela Câmara de Vereadores de São Paulo, que falava da “existência aqui de um doutor, exercendo medicina sem ter apresentado seu diploma”. Cooper foi ouvido em janeiro de 1857 pela Câmara Paulistana, mas o livro de atas desse período desapareceu e seu depoimento foi perdido para sempre.
Joseph Cooper Reinhardt e seu irmão William, 
 em foto tirada no Brasil entre 1859 e 1865. 
- Acervo: Centro de Memória da Unicamp
Os familiares de Luiza diziam que Cooper - falecido em Campinas, a 25 de agosto de 1873, com cerca de 63 anos - realmente tivera um filho chamado George Washington e um outro, batizado Lincoln. Mas, apesar de todas essas evidências, ainda não havia uma prova definitiva de que Cooper era mesmo o 'doutor' que havia identificado e descrito o 'Mal do Engasgo'.
“Senti que estávamos na pista certa, mas tudo ainda era baseado apenas em depoimentos e referências vagas”, conta Caritá. Aliás, como descobriria nos meses seguintes, a história de Cooper não era exatamente aquela que os livros contavam.
Maria José e Caritá descobriram que a vida do doutor Cooper em Campinas foi muito transparente. Encontraram várias referências em diferentes arquivos. A muIher com quem se casara não se chamava Rita. Era, na verdade, Ana Corrêa de Matos, nascida em Sorocaba. O filho chamado George Washington era uma lenda. Este era o nome da fragata em que Cooper percorrera o mundo. Seu filho chamava-se André Jackson Reinhardt, e Lincoln era seu neto. O segundo filho chamava-se Benjamin. 
Consultório do doutor Cooper, em Campinas 
- Acervo: Centro de Memória da Unicamp
Cooper atendeu, até o fim de sua vida, em um consultório na rua 14 de Dezembro, esquina com a Doutor Quirino, no Centro de Campinas. No começo do Século XX, transformou-se em nome de rua, na Vila Marieta. A rua Joseph Cooper Reinhardt é uma travessa da Washington Luís, que começa na Francisco Chiaffitelli e termina na João Egídio, próxima ao Cemitério da Saudade. “Apesar de todas essas informações, ainda não podíamos garantir que Cooper era realmente o médico que descobrira o 'Mal do Engasgo', lembra Caritá.
A pista conclusiva foi encontrada em 18 de julho de 1997. A partir de algumas aquarelas pintadas por Cooper, os pesquisadores descobriram que ele, exímio desenhista, assinava suas telas como H.Lewis. Abriu-se a partir daí, uma infinidade de referências. O cruzamento de vários documentos permitiu concluir que Lewis e Cooper eram a mesma pessoa, ou seja, o misterioso 'doutor' que havia diagnosticado o 'Mal do Engasgo'.
Depois de anos de pesquisa, esses documentos foram finalmente encaminhados aos centros de História e Memória brasileiros, americanos e europeus em julho de 1997. "Antes do final deste ano deveremos publicar um relatório detalhado destas pesquisas", conclui o persistente Caritá.
Paulo San Martin, Revista Já, 24/08/1997

NOTA: De acordo com o Pró-Memória de Campinas, o Professor Odilon Nogueira de Matos, membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Paulista de História e do Instituto Histórico Brasileiro, faleceu em 17 de fevereiro de 2008, aos 91 anos; e a Sra. Maria Luíza Silveira Pinto de Moura, associada do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, faleceu em 29 de janeiro de 2004, aos 80 anos.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Rua Doutor Miguel Couto

A Rua Doutor Miguel Couto, na Sé, Zona Central, foi aberta em 1787 como via de ligação entre as ruas São Bento e Nova José (hoje Líbero Badaró). Na época, era conhecida como travessa ou beco da Lapa. Passou a ser chamada de Travessa do Grande Hotel após a construção do Grande Hotel no local.
O Grande Hotel foi primeiro edifício de São Paulo projetado especialmente com a finalidade de ser um prédio de apartamentos. Inaugurado em julho de 1878, foi considerado um dos mais luxuosos do país no início do Século XX, sendo demolido em 1964. O segundo Grande Hotel, na rua Boa Vista, foi construído em 1889, e atualmente é a sede da Associação Comercial de São Paulo.
A via manteve a denominação até 1934, quando o Ato 650 oficializou-a com o nome atual em homenagem ao médico carioca Miguel de Oliveira Couto, nascido a 01 de maio de 1865. 
Formado pela Faculdade de Medicina do Rio em 1885, foi um dos mais notáveis clínicos do Brasil. Presidente da Academia Nacional de Medicina, foi ainda membro da Academia Brasileira de Letras e professor da Faculdade do Rio, deixando diversas obras.
Eleito Deputado Constituinte em 1933, morreu no Rio a 06 de junho de 1934, aos 70 anos.

Rua Pimenta Bueno

A Rua Pimenta Bueno, no Belém, Zona Leste, oficializada pelo Ato 972, de 1916, faz homenagem a José Antônio Pimenta Bueno, o Marquês de São Vicente, nascido em Santos a 04 de dezembro de 1803. 
Órfão de infância pobre, formou-se em Direito em 1832 tornando-se juiz em Santos. Foi Presidente da Província de Mato Grosso de 1836 a 1838, Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo de 1840 a 1842, Deputado por São Paulo de 1845 a 1847, desembargador no Maranhão em 1847, Ministro da Justiça e Relações Exteriores em 1848, Presidente da Província do Rio Grande do Sul em 1850 e Senador Imperial a partir de 1853. 
Recebeu o título de Visconde de São Vicente em 1867, tornando-se Presidente do Conselho de Ministros de 1870 a 1871, ao mesmo tempo em que ocupava novamente a Pasta de Estrangeiros. Nomeado Marquês em 1872, morreu no Rio de Janeiro, a 19 de fevereiro de 1878, aos 74 anos.

Avenida Arquiteto Vilanova Artigas

A Avenida Arquiteto Villanova Artigas, em Sapopemba, Zona Leste, formada pela fusão da antiga Avenida Norte-Sul, e de trechos das ruas 11, 16 e 17 e oficializada pelo Decreto 23.003, de 29/10/1986, homenageia o arquiteto paranaense nascido a 23 de junho de 1915, e que durante sua carreira teve experiência e reconhecimento internacionais. 
Natural de Curitiba, João Batista Villanova Artigas formou-se pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) em 1937. Em 1946 ganhou uma bolsa de estudos de Arquitetura Moderna nos Estados Unidos.
Estádio do Morumbi - Cícero Pompeu de Toledo (1953)
Projeto de Villanova Artigas

Participou da Excursão Internacional de Arquitetura na Polônia (1952), e foi membro da comissão para Educação do Arquiteto, em Praga, República Tcheca (1962) e Liverpool, na Inglaterra. Participou ainda de conferências organizadas pela Unesco em Zurique, Assunção e Madri. 
Relator para a América Latina no VII Congresso de União Internacional dos Arquitetos em Havana,  representou o Brasil em vários congressos mundiais. Morreu em Brasilia (DF), a 12 de janeiro de 1985, aos 69 anos, vítima de câncer.