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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ex-presidente Relembra o Início do Clube Juventus

Antigo salão e campo do Clube Atlético Juventus, na Móoca, demolido nos anos 80
De apenas um estádio na rua Javari, o clube se expandiu com a aquisição de um terreno no Alto da Móoca nos anos 60. Naquela época, resumia-se a um matagal. Assim como a sede social, o bairro cresceu para aqueles lados. 
Quem conta isso é João Heitor de Moura, de 68 anos, que já foi diretor social, vice-presidente social e presidente do clube – o último cargo desempenhado de outubro de 2002 à julho de 2003. Moura começou a frequentar o Juventus em 1956, quando não havia mais do que um campo de futebol para os associados. A área era de propriedade da família Crespi. Nem a máquina de escrever com a qual redigiam as correspondências pertencia ao Juventus. 
Américo Egídio Pereira (de terno claro), 
 José Ferreira Pinto Filho (centro) e Mário Previato (a direita)
O ex-presidente presenciou os fatos que viriam a mudar o destino do clube e do bairro. A iniciativa partiu da diretoria eleita em 1958: Roberto Ugolini, Mário Previato, Américo Egídio Pereira, José Ferreira Pinto Filho e Mário Coronato. Três anos mais tarde, eles decidiram contratar uma empresa para vender títulos de agremiação. A adesão dos moradores da Móoca e de bairros próximos como Tatuapé, Brás e Ipiranga resultou em sucesso. Em seis meses, 15 mil títulos foram vendidos. 

 Estádio foi comprado da Família Crespi

Roberto Ugolini (centro) durante planejamento do 
clube social do Atlético Juventus, na Móoca, em 1962
Com esse dinheiro, a diretoria comprou a área de 80 mil metros quadrados no Alto da Móoca. As obras do parque poliesportivo começaram em abril de 1962. “Daí pra frente, o clube se desenvolveu e a Móoca também. Isso aqui era um matagal”, ressalta Moura. Foram oferecidos trinta mil documentos familiares, trinta mil remidos e 200 beneméritos. A diferença é que o título, no valor de Cr$ 40 mil, podia ser parcelado em 40 vezes (familiar) ou dez vezes (remido). O benemérito saía por Cr$ 70 mil, e como o remido, tinha por objetivo impulsionar as obras.
”Em 1967, a diretoria negociou com a familia Crespi a compra do estádio da rua Javari”, lembra o futebolista. Com a aquisição, ao custo de Cr$ 800 mil, o Juventus ampliou a área para cem mil metros quadrados. Para ele, o grande ‘baluarte’ da agremiação foi José Ferreira Pinto Filho, presidente durante vinte anos, até a morte em 1996. “Era um grande administrador”. 

Número de sócios chegou a ser 120 mil

João Heitor de Moura relata que, nos anos 70, o clube chegou a ter 120 mil sócios. Era a época das grandes festas realizadas no enorme salão social. “Juntava 10 mil pessoas numa terça feira de Carnaval. O Juventus sempre foi muito festeiro”. Dentre as temáticas mais populares estavam ‘Queijo, Pão e Vinho’, ‘Cerveja, Frios e Samba’, ‘Noite Italiana’ e ‘Festa Portuguesa’. O Réveillon também era tradicional, como as festas juninas que chegavam a durar 40 dias. 
Clube social do Juventus, na Móoca, nos anos 70
Ele revela também uma curiosidade: o Juventus foi o primeiro clube paulistano a ter um computador, isso nos anos 70. “Era um bruta guarda-roupa”, descreve, em alusão ao tamanho das máquinas, que chegavam a ocupar salas inteiras. Com essa tecnologia, a agremiação prestou serviço de emissão de boletos para outros clubes da Capital e até de Santos. Depois desse computador, outro foi adquirido ‘zero-quilômetro’, mas pouco utilizado. É que logo em seguida vieram os micros. O segundo computador juventino ficou encostado no local por mais algum tempo, e depois acabou doado. ”Ocupava muito espaço”, diz Moura. 
Para o ex-presidente, o clube foi a segunda casa. “Almoçava Juventus, jantava Juventus. Só não dormia Juventus”, brinca. “Sempre morei do lado”. Ele não esquece das vitórias nos gramados. “Fomos campeões do Torneio Paulistinha em 1971 e ganhamos a Taça de Prata Série B em 1983. Também revelamos alguns craques como Robson Pontes, Betinho, Anderson e ultimamente Alex e Luizão".
Agência Folha de S.Paulo, 2003

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