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domingo, 31 de janeiro de 2010

No Final dos Anos 20, o político Fernando Prestes renunciou ao Cargo de Governador do Estado em favor do filho


Carlos de Campos (1866-1927)
Ocupando o cargo de Governador do Estado desde 1924, quando foi eleito por comícios públicos, Carlos de Campos estava na segunda metade de seu mandato, em 27 de abril de 1927, quando foi acometido por uma embolia cerebral e morreu. Neste momento, seu sucessor seria o vice-governador, o Coronel Fernando Prestes de Albuquerque.

Fernando Prestes (1855-1937)
Dino Bueno (1854-1931)
Porém efetuando uma jogada política junto a seu partido, o extinto Partido Republicano Paulista (PRP), o coronel Fernando Prestes renunciou ao cargo. Dessa forma tanto os postos de Governador e Vice-governador ficaram vazios. De acordo com a Constituição Estadual da época, caso isso acontecesse, o cargo deveria ser assumido provisóriamente pelo Presidente do Congresso Legislativo Estadual que ficaria encarregado de convocar novas eleições para suprir esses postos.

O Presidente do Senado do Congresso Legislativo Estadual, Antônio Dino da Costa Bueno assumiu o cargo e começou os preparativos para as novas eleições, que aconteceriam dentro de dois meses. Em 14 de julho daquele mesmo ano, Júlio Prestes de Albuquerque (1882-1946), filho do ex-vice Governador Fernando Prestes, seria eleito Governador do Estado de São Paulo.

O cargo de Governador era um passo para a Presidência da República, e esse era o plano: calculando-se que, se Fernando Prestes tivesse assumido o cargo de governador em abril de 1927, teria de tê-lo deixado em maio de 1928, quando terminaria o quadriênio, por isso, seria muito mais atraente para os Prestes e para o PRP, se o idoso Coronel renunciasse ao seu governo de um ano, em troca de um governo de quatro anos para seu filho, tempo que ele poderia utilizar para estreitar relações, ganhar popularidade e assim, preparar seu terreno para as eleições à Presidência da República, que ocorreriam em 1930.

Julio Prestes (1882-1946)
Heitor Penteado (1878-1947)
Como Governador, Júlio Prestes começou a construção da Estrada de Ferro Sorocabana (hoje, Estação Júlio Prestes) e a Ferrovia Ramal de Mairinque, que ligava o interior de São Paulo ao porto de Santos, caminho antes feito apenas pela ferrovia Santos-Jundiaí, o que permitiu o fim do monopólio, diminuição de preços e ainda melhorou o ciclo de trens, visto que o ramal de Mairinque tinha cruzamentos e podia também ser utilizado pelas ferrovias Sorocabana, Mogiana e a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Ainda contruiu a Rodovia Anchieta, reformou o ensino publico e criou o Jardim Botânico e o Parque da Água Branca.

Júlio Prestes renunciou ao cargo de Governador do Estado em 1929, para concorrer as eleições à Presidência, porém só deixaria o cargo oficialmente quando foi declarado Presidente eleito do Brasil, por voto direto, em maio de 1930, sendo sucedido pelo, na época, Vice-governador Heitor Teixeira Penteado.

Washington Luis (1869-1957)
Washington Luis Pereira de Sousa era o Presidente do Brasil em 1930, cargo que ocupava desde 1926, e, de acordo com a tradição, deveria passar o governo para o novo sucessor no dia 15 de novembro, relembrando o Dia da Proclamação da República. Até aquele momento, os planos elaborados desde 1927 estavam correndo conforme o esperado para o PRP e os Prestes, porém, tudo foi encerrado pela Revolução de 30.
Em 24 de outubro, menos de um mês antes do fim de seu mandato e a passagem de governo, Washington Luis foi deposto por um Golpe Militar, sucedido pela Junta Governativa de 1930 (composta pelos generais Augusto Tasso Fragoso e João de Deus Mena Barreto, e o almirante José Isaías de Noronha), retirou-se do Palácio do Catete (na época Capital Federal) e foi conduzido como prisioneiro ao Forte de Copacabana, depois seria exilado e só voltaria ao país em 1947.
Isaías de Noronha (1874-1963), Tasso Fragoso (1869-1945) e Mena Barreto (1874-1933)
Getúlio Vargas (1882-1954)
Em 03 de novembro, a Junta Militar transferiu o poder para Getúlio Dornelles Vargas, líder dos revolucionários, que assumiu o Governo com plenos poderes de ditador. Um de seus primeiros atos foi fechar o Congresso Legislativo Paulista. Seu presidente, o senador Dino Bueno, morreria em fevereiro do ano seguinte. Heitor Penteado foi deposto e abandonou a politica até 1936, durante esse tempo se dedicou a lavoura. Quanto aos Prestes, tanto Júlio como seu pai foram perseguidos e tiveram seus direitos politicos cassados, Júlio se exilou no exterior e seu pai se dedicou a iniciativa privada. Após mais de sessenta anos de existência, o PRP tornou-se um Partido de oposição após a revolução, sendo definitivamente extinto com a criação do Estado Novo, em 1937.

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